segunda-feira, 23 de novembro de 2009

COMENTÁRIOS SOBRE AS APRESENTAÇÕES 20.11.2009

Vamos lá, galera! Não poderíamos cortar o processo que vem sendo desenvolvido na disciplina agora! Então, a seguir, reforço os comentários feitos após as apresentações das equipes, nos seminários que concluem esta segunda etapa do semestre.
MANHÃ
Equipe FLIRCK: excelente apresentação em relação à organização da equipe, diagramação do material, e domínio do conteúdo. O recorte da pesquisa foi claro e objetivo, o que fez com que a metodologia escolhida se adequasse bem, resultando em considerações finais pertinentes. Embora, fosse tema para uma outra pesquisa, a equipe colocou um questionamento interessante, retomado pela equipe que trabalhou o Facebook: por que a necessidade de se responder a uma mensagem representada por uma imagem com uma linguagem verbal? Por que é tão difícil construir um comentário com uma outra imagem? Fica aqui, mais uma prova de que, estudar os recursos semióticos (da imagem, também) é algo necessário para os comunicólogos em formação... Afinal, embora a lei diga que jornalista não precisa de diploma, e que um pedaço de papel REALMENTE não garante uma formação adequada, não há como se profissionalizar senão houver essa interação entre ALUNOxACADEMIA. A equipe está de parabéns! Nota máxima.
Equipe FACEBOOK: excelente pesquisa, comprovada através do trabalho escrito e pelo acompanhamento via MSN, com um dos componentes, embora a apresentação falhou na questão do material de apresentação. Foi especificado que as equipes deveriam apresentar seus relatórios em POWER POINT, explicitando cada uma das etapas da pesquisa e seus resultados. E que deveria ser entregue, no final, uma cópia impressa do relatório e um CD com uma versão digital, os slides e qualquer outro material utilizado. A seleção do 'corpus' foi pertinente com o tema e a fundamentação teórica foi adequada: uma boa junção dos estudos culturais com a análise da imagem estática. Nas considerações finais, Manuela colocou algo interessante para se refletir: "[...] as pessoas reagem, à primeira vista, às imagens postadas de maneira mais emocional do que racional [...]". Não seria essa, uma característica tribal pertinente a essas comunidades virtuais da web 2.0? A
racionalização é uma manifestação que veio com o processo civilizatório, o que não quer dizer que as culturas primitivas não tinham as suas formas de interpretar e as suas manifestações culturais. Interessante perceber como nós nos prendemos à questão da escrita, o que nos leva à necessidade de revisitar o texto de Joelma Chisté Linhares, postado em 21 de agosto neste blog.
Equipe ORKUT: O trabalho foi bem apresentado, as considerações finais foram condizentes com a proposta do estudo, e a apresentação foi bastante dinâmica e interativa. A equipe pecou apenas na escolha da metodologia: não se trata de uma pesquisa de Grupo Focal, mas um Estudo de Caso. Mas cuidado com a exposição dos conceitos (ou como eles são percebidos pela massa) de REAL, ATUAL/PRESENCIAL e VIRTUAL. Ao apresentar "PRINTS" de sites, etc, cuidem para fragmentar a imagem daquela parte apresentada para que fique mais fácil de visualização. E lembrem-se: falar sobre experiências próprias (empirismo) é o início do
conhecimento científico, ou seja, da pesquisa, mas não podemos nos fundamentar nessas experiências - as argumentações ficam vazias. Entretanto, acompanhei o desenvolvimento do trabalho e percebi o empenho dos componentes. Ainda aguardo o material a ser entregue!
Equipe BLOG: excelente apresentação! Um recorte bem feito e coerente com a pesquisa: o blog-coluna esportivo de Milton Neves (http://blog.miltonneves.ig.com.br). Tanto a fundamentação, quanto a diagramação e a apresentação do trabalho estão de parabéns! Conceitos como "democracia", "meio/mediações/moderação" foram bem interpretados. A equipe está de parabéns! Nota máxima.
NOITE
Equipe ORKUT: a equipe se confundiu um pouco nos slides, na sua elaboração e digitação - fato que foi justificado pela Vivalda como sendo resultante do pouco tempo que houve para sua digitação (o que não justifica, dado o tempo que esse trabalho foi anunciado). A fundamentação do trabalho deixou um pouco a desejar (por tratarem da questão de identidade, senti falta de HALL e GIDDENS), mas as análises foram bem sistemáticas e pertinentes com a metodologia proposta. As considerações finais (e NÃO conclusões, ok turma?!) foram coerentes com a problemática. Uma colocação bem pertinente da equipe: "[...] comunidade [...] gera código e estruturas próprias [...]". Em relação a isso, revejam os comentários feitos sobre as duas primeiras apresentações da turma da manhã. Bom trabalho, no geral.
Equipe MySPACE: Trabalho bem fundamentado e coerente. Um excelente apresentação, Andrea mostrou segurança e domínio do assunto. O tema abordado gera discussões sobre as questões de direitos autorais e questões mercadológicas do consumo de música/arquivos de música, no que diz respeito ao download, que poderia ter sido abordado pela equipe. Em relação ao método, "visitar perfis e observar..." não é um método, mas são procedimentos. Assim, acredito que o método utilizado pela equipe foi o Estudo de Caso. Uma colocação em relação à fundamentação teórica: vocês disseram que Lemos (se não me engano) fala que "a sociabilidade do ciberespaço é uma forma de contracultura", em relação a isso, sugiro a leitura de um artigo do próprio Lemos em (http://www.facom.ufba.br/pesq/cyber/lemos/cibersoc.html), acredito, inclusive, que este artigo vai orientar algumas colocações do Edson, propostas na apresentação anterior sobre sociedade do espetáculo. Foquem a leitura na parte do texto que fala sobre a ciber-socialidade,
especificamente. Boa diagramação dos slides. A equipe está de parabéns! Nota máxima.
Equipe BLOG: A equipe está de parabéns! Nota máxima, sem outro comentário a fazer, senão a questão da utilização da voz. Quando pensa-se em uma apresentação para um público (independente do tamanho deste), deve-se pensar em ser ouvido. Então, se o apresentador não tem um recurso vocal potente, deve utilizar-se de recursos eletrônicos. Acredito que a audiência perdeu alguns pontos do excelente trabalho por esse motivo - o que foi uma pena, pois a equipe se propôs a analisar a utilização deste blog por parte dos alunos da disciplina. Em termos gerais, as conclusões foram 80% de utilização eficiente da ferramenta, entretanto apenas 68% utilizaram-no de maneira eficaz (com comentários questionadores, debatedores ou sintetizadores, descartando os de natureza reativa, ou sem contribuição). Para chegar a
esse resultado, a equipe se valeu de uma pesquisa em educação à distância, com um cálculo estatístico, analisado a partir de duas postagens, considerando apenas o conteúdo (vide critérios acima) dos alunos, descartando a participação do professor. Enfim, trata-se de um trabalho relevante, que peço a Henrique e à turma disponibilizar a quem se interessar.
A todos os que apresentaram seus seminários nesta data, meus parabéns! Todos mostraram o fruto de uma pesquisa realizada. O grau de maturidade acadêmica não deve ser motivo para prepotência ou baixa-estima, antes, a certeza de que a formação profissional é algo que exige tempo, dedicação e comprometimento. E, como crente no processo de construção coletiva do saber, coloco-me à disposição dos que queiram participar deste processo.
Um forte abraço!

sábado, 7 de novembro de 2009

SOBRE MÚSICA ELETRÔNICA (AULAS 30/10 e 06/11)

Após nossa aula sobre música eletrônica, ciberpunk e cidades virtuais, gostaria de pontuar algumas poucas reflexões: 1- SOBRE MÚSICA ELETRÔNICA, PERCUSSÃO E MOVIMENTO: por que temos aquela sensação de que não podemos ficar parados ao ouvirmos o "batidão"? Então é isso, música eletrônica está associada à batida. Batida nos leva aos mais primitivos dos instrumentos musicais, os instrumentos de percussão. Na verdade, pode-se fazer percussão com qualquer objeto, obtendo dos sons mais baixos e graves, aos mais altos e agudos; do toque de duas pedras ao badalar de um sino, encontramos percussão. Então, os povos primitivos usavam desse recurso sonoro para suas celebrações ritualísticas, ou melhor dizendo, para as comemorações tribais. Os atabaques do candomblé, o berimbau da capoeira e os tambores do samba não nos deixam quietos, se não nos movimentamos de início, logo nos vem imagens de situações de uso desses instrumentos (eis a virtualidade!). E isso, também, não é difícil de entender. Ora, de forma simplista, podemos dizer que a música é composta de melodia e ritmo. E esse segundo elemento está diretamente ligado ao movimento, ao corpo, ao sentir. Por isso a música eletrônica é contagiante - até mesmo para quem não a admira, e a denomina de "bate-estaca", numa tentativa onomatopéica de verbalizar o barulho de uma estaca sendo enterrada. Em sala, acompánhamos o desenvolvimento da música eletrônica de 1857 até os dias atuais. Vimos como esse movimento pós-guerra foi obsorvido pela "indústria cultural", e como a música eletrônica acompanhou esse processo a partir dos anos 80 (Vangelis, Jean Michel Jarre, Kraftwerk, as grandes bandas dos anos 80 como A-HA, Pet Shop Boys, Erasure, etc, Paul van Dyk e os hits atuais). Vimos, também, os diferentes estilos e suas origens GOA, HOUSE, PROGRESSIVE, PSY TRANCE, etc.
2- SOBRE RAVES & COMPORTAMENTO: o ponto de partida é que não podemos entender o fenômeno "rave", a partir dos Indoors, PVTs ou clubs que conhecemos hoje em dia - e que faz parte de grande parte da população jovem. Estes últimos são realizadas, geralmente em espaços privados fechados e organizadas por um promoter, com um tema definido. Os flies que as divulgam mostram uma preocupação gráfica em tornar atrativa e competitiva aquela atividade em relações à outras no espaço urbano. Geralmente há fotos de jovens com um padrão estético de god ou goddess e atrações conhecidas - sem contar com brindes, sorteios e promoções (cardápio clonado, ingresso clonado, etc). As raves surgem num contexto diferente, ao ar livre, com panfletos informando apenas local e data, sem autoria de iniciativa - apenas uma tentativa de agrupar pessoas para estarem mais próximas da natureza e dançarem por mais de 8 horas seguidas ao som da música eletrônica. Então qual o motivo de, em um determinado momento (e em várias localidades do planeta), estes movimentos culturais terem sido proibidos. Atentem para o que escrevemos: PROIBIÇÃO DE UM MOVIMENTO CULTURAL. Por causa do comportamento das pessoas que iam a essas "festas tribais". Isso mesmo, uma sociedade civilizada não pode conceber um comportamento tribal, porque este não serviria a fins econômicos imediatos. Mas não era essa a justificativa dada para o comportamento. Atribuiu-se, então, essa proibição pela questão do uso de drogas. E, de novo, nos deparamos com uma contradição de uma sociedade dominadora, porque as drogas às quais nos referimos aqui, são as ilícitas, já que as "lícitas", a saber, cigarro e álcool, também eram utilizadas nas festas "civilizadas". Bom, não vou continuar esta digressão, porque senão fugimos do nosso tema central, mas é importante ver o quão nós somos afastados das verdadeiras essências das coisas - aquilo que Baudrillard chama de simulacro. Então rave se tornou lugar de comportamentos ilícitos, não é? Entretanto, a massificação das identidades culturais, a anulação dos indivíduos, a exploração dos meios de trabalho e de lazer não são atos ilícitos? Muito bem. E quem disse que as raves são "locais de droga"? Por que não vê-las como o local onde se livra das drogas do cotidiano: opressões, desapropriações, stress de uma sociedade capitalista doente? Mas as drogas ilíctas estão lá - isso é fato. Mas não são da rave, isto também é fato! São, então, trazidas para as raves. E de onde são trazidas? De algum lugar imaginário, que só existe na cabeça dos frequentadores das raves? Ou dos centro urbanos, onde esses frequentadores de raves vivem? Se pararmos para analisar detalhadamente as coisas com suas causas e consequências (o que, dificilmente, um sistema capitalista nos permite fazer), perceberemos que há uma tentativa de encobrir as falhas de um sistema, delegando indivíduos "responsáveis" por essas falhas. Então, não vamos analisar por que as drogas existem, mas sim culpar a quem as utiliza. Ora, isso não é, outra vez incoerente, num sistema capitalista? Sim, pois o que é produzido deve ser consumido - qual a função da Publicidade e Propaganda se não for movimentar o comércio? Então, sabendo que o comércio da droga existe, é mais "conveniente" para o sistema, enquadrá-lo em um determinado setor ou grupo, do que torná-lo público. Aliás, palavra evitada no sistema capitalista - e, paradoxalmente, a essência das raves: transcender é a palavra de ordem. Escritores e políticos norte-americanos viveram esse movimento transcendental sem imaginar que seu país se tornaria o império materialista que é hoje: Thoureau, Emersom e Walt Whitman - sim, o Whitman do "Capitain, my Capitain!". então, caros amigos, não vejamos a rave como um local de "promiscuidade" ou "criminalidade", mas de pureza e elevação espiritual. Claro que não estou falando das pseudo-raves que vemos hoje em dia, já que elas deixaram de ser um movimento contra-cultural, como citou um aluno em sala e em postagens, para ser aceita pela sociedade. Um movimento que deixou de ser naturalista para se tornar urbano. Aproveito para dizer que, de acordo com Stuart Hall, defendo que as raves deixaram de ser movimentos contraculturais e passaram a movimentos sociais, pois o caratér de radicalidade foi perdido (ou simbioticamente assimilado pelo sistema, a ponto de ser apenas mais uma festa a se ir). Assim, termino esta reflexão com uma pergunta: qual a diferença entre: (1) ir a uma rave, (2) ir a um culto religioso, qualquer que seja ele, (3) ler um livro de auto-ajuda, e (4) consultar um terapeuta? O que poderia ser uma pergunta sem propósito, acaba direcionando a fragmentação de uma sociedade dita civilizada para o princípio tribal da cibercultura: não há diferença, pois todas as práticas conduzem a um bem-viver; a diferença vai ser institucional, no caso das igrejas (2), do comércio (3) ou da academia (4). Aguardo comentários!